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quinta-feira, 16 de maio de 2013
Olá a todos! Como muitos de nós,
o blog estava de férias, mas volta com o retorno dos atendimentos, e esperamos
que aqui possam encontrar notícias sobre o que tem acontecido no mundo da
adoção, bem como dicas, e hoje mesmo deixarei o link de um vídeo pra baixar, e
uma dica de atenção às famílias que fazem parte dessa vida, desse processo que
é criar um filho que é posto a prova a todo momento, seja por eles mesmo, pelos
pais, pela família externa, ou pela mídia, que é o caso de hoje.
Quem aqui acompanha novelas,
inclusive vocês que, assim como eu, trabalham dia a dia na criação de Laços de
Amor, vocês criando, adotando, lutando, e nós aqui ouvindo, atendendo, lutando.
Não é fácil se envolver. E quando
já é difícil passar por cima de olhares alheios, laços sanguíneos, estresse
infantil, escolar, pode ficar quase impossível se os nossos jornais, revistas
ou novelas levarem para o lado oposto do que tentamos trabalhar. Se passamos
semanas abrindo os olhos de vocês, pais, para seu filho, que é único como o seria
qualquer um, e dos filhos, que sentem medo de perder outra família, vem uma
cena, e aqui vou colocar em discussão a nova novela das 18h da Rede Globo,
aquela Flor do Caribe, e tão inocente pode acabar com tanto esforço! Eles nem
tem idéia.
Temos que ter em mente que o
autor da trama tem suas próprias opiniões, que nem sempre refletem a realidade,
por não estarem acostumados a ela, ou por deixarem o drama tomar conta dos
diálogos. Por um ou por outro, ou outros ainda, é que mostro a vocês que não é
bem assim.
A cena a qual me refiro foi ao ar
na Sexta-feira, 19 de Abril, e mostra uma moça comentando casualmente sobre um
fato. O fato é que o personagem Alberto cria o filho de outro homem, o ex de
sua atual mulher, que estava fora do país, por motivos que não vem ao caso.
Quando o tal do genitor volta à cidade, retoma o contato com o filho. Essa moça
chega, depois, e fala por acaso como o pequeno é parecido com o moço que
voltou, como é incrível, mesmo vivendo tantos anos separados, sem nunca terem
se conhecido, que a genética não engana. A criança repete comportamentos,
gestos, falas... segundo ela, o sangue fala mais alto.
Espera aí! Não é bem assim!
Talvez um gesto, sim, mas os comportamentos agressivos tem mais a ver com a resposta
do meio do que com alguma falha ilegítima escondida por trás da criação.
Queremos que tenham em mente que isso ainda é refutado em inúmeras pesquisas, e
que, se o gene não ajuda, a educação, o exemplo, o amor fazem milagres. A falta
deles ocasionaria falta de caráter? Não sei, mas o ódio, a repulsa, a falta de
acolhimento, o não pertencimento fazem pior que qualquer genitor mal
intencionado. Esses, sim, ativam nossa
rebeldia, como pais “de sangue” tem filhos corruptos, e também não sabem explicar.
Eles não tem outros pais a quem culpar. O filho é a Ovelha Negra, apenas.
Agora, digam, quem pode trabalhar nisso melhor que nós mesmos? Quem pode
mostrar aos filhos que não importa os genitores, o passado, o nascimento, mas o
que eles vão fazer com isso? O segredo é uma faca de dois gumes; a compreensão,
a paciência, nosso amor, não.
Link da novela, final da parte 2:
http://www.g1novelas.net/2013/04/flor-do-caribe-sexta-feira-19-04-2013-capitulo-35.html
6’:10’’ até o fim, diálogo entre o vilão Alberto e sua assistente.
Isso sem contar essa nova novela das 19h, Sangue Bom... Aguardem notícias!
Voltaremos em breve com novidades, fiquem atentos e Sigam nosso feed de notícias, só precisa de uma conta do Google, quem tiver Blog pode se inscrever.
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Nos vemos Amadxs!
quinta-feira, 14 de março de 2013
Carta aberta sobre o FECHAMENTO do NEPS
O
NEPS (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Sexualidades – CNPJ
04.126.402/0001-98), localizado à Rua Orozimbo Leão de Carvalho, 383,
Assis/SP, vem a público oficializar o encerramento de suas atividades.
Infelizmente, os atuais membros não podem mais assumir as
responsabilidades de mobilização social e não há mais pessoas
interessadas para quem possamos transferir as obrigações do
voluntariado.
Nesse sentido, só nos resta lamentar pelo
ocorrido. Porém, não é só de tristeza que fechamos esse ciclo, mas
também de reconhecimento e alegria pelo tempo vivido. Foram 12 anos de
muitas atividades, intensas e produtivas parcerias com Secretarias
Municipais de Saúde, de Educação, do Trabalho, da Justiça, Universidades
e outras ONGs (Organizações Não Governamentais). Temos orgulho dessa
história construída com perseverança, comprometimento e dedicação.
Aprendemos muito com o voluntariado, com a solidariedade premente em
nossas mentes e corações.
A luta pelos Direitos Humanos de
todas as pessoas dissidentes das normativas sociais é um trabalho
intenso e vagaroso. Nossa luta contra o poder do sistema que nos inflige
modos homogêneos de ser e estar no mundo é retaliante e exaustiva.
Porém, saber que produzimos momentos e experiências nas quais muitas
pessoas aprenderam a se valorizar, a buscar para si mesmas oportunidades
e realizar escolhas que as inserissem socialmente, evitando sua
exclusão e vitimização, compensou toda a dor e agravos que enfrentamos.
Compreendemos que atualmente a mobilização social das pessoas que vivem
à margem dos arbitrários padrões sociais de sexualidade, de gênero, de
beleza, de corporalidade, de saúde, de educação, dentre outros, não
parece mais ocorrer a partir da reunião entre iguais para a afirmação de
suas diferenças.
Em 12 anos, o NEPS não foi a única ONG que
encerrou suas atividades. Muitas outras seguiram o mesmo caminho. Desde
que a AIDS passou a ser uma doença “controlada” (o que nos alegra
muito), findou-se também o estímulo político-sócio-cultural de
mobilização para os cuidados de si. De algum modo, o movimento social
caminhou para grandes “congregações” visíveis nas inúmeras Conferências
Nacionais ocorridas em Brasília, o que acabou por transformar o
agrupamento das minorias em espetáculos corporativos. O movimento social
organizado acreditou que realizando propostas de políticas públicas
dirigidas aos segmentos específicos que defendiam, consegueriam (sem
saber como), que estas propostas fossem um dia concretizadas em Projetos
de Lei, Medidas Provisórias, enfim, realidades. Nada disso ocorreu. Ao
contrário, no Brasil, no que diz respeito às ONGs de defesa de pessoas
vivendo com HIV-Aids, de pessoas LGBT, de mulheres, para citar algumas,
ocorreu uma verdadeira desmobilização, um dispersamento, um
enfraquecimento. O saldo social foi negativo, na medida em que, não foi
possível reverter o paradigma de construção da cidadania. As pessoas
entenderam que "cuidar de si” é o mesmo que ser egoista, não pensar no
outro. A solidariedade sucumbiu ao narcisismo da pós-modernidade que
valoriza o EU como substrato essencialista e natural da condição social,
da cultura, da economia. O EU é, hoje, uma mercadoria, um bem de
consumo, um produto rentável.
Diante disso, não nos resta outra
saída senão fecharmos nossas portas e agradecermos a todas e todos que
junto a nós acreditaram que seria possível transformarmos nossos “Eus”
em “Nós”, que seria possível construirmos uma vida coletiva, de trocas,
de garantia de direitos sociais igualitários. Sinceramente, acreditamos
que em alguns muitos momentos conseguimos fazer isso e levaremos conosco
a lembrança destes dias, pois só estas experiências alegres poderão nos
dar força para continuar.
A vocês, nosso muito obrigado.
NEPS - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Sexualidades.
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